quarta-feira, 28 de julho de 2010

Voltei a rezar.

Fiquei um bom tempo sem conseguir rezar, sem repetir uma oração que fosse. Achava sem sentido, não sabia a quem me dirigir, o que pedir, para quem agradecer. Questões existenciais com um Deus homem, com o cosmos, com a cultura ocidental judaico-cristã.

Às vezes sentia necessidade de me dirigir a alguém, mas acabava por recriminar-me a mim mesma - como posso ter as minhas questões existencias e na hora do aperto sair rezando e pedindo por socorro ou por soluções milagrosas, mágicas? Era contra o meu racionalismo.

Nas buscas transcendentais, procurando encontrar-me comigo mesma, passei a dirigir-me algumas vezes à Terra, à Força Criadora, ou a Quem Quer que Fosse que estivesse em outro plano astral e pudesse me ouvir. Às vezes era para agradecer, outras para pedir paciência com o tempo das coisas e dos acontecimentos.

Engraçado contar tudo isso porque fui ensinada a rezar muito cedo, desde pequena. Família católica não-praticante, com avós católicas da roça, daquelas que levam a gente na senhorinha da rua de baixo pra benzer "bucho virado" e dão chá de hortelã com semente de pacová pra curar "as bichas", pai fuçado na umbanda, mãe espírita, tia na Seicho no ie, aprendi desde cedo que rezar é bom - não interessa para quem ou porquê. O melhor é que seja para agradecer - porque mesmo sem querer a gente já pede demais, o tempo todo.

Mas deixei de rezar, durante algum tempo, em algumas fases da minha vida. Nunca abandonei meus santinhos: Nossa Senhora da Aparecida, São Cosme e Damião, São Benedito. Mas eles ficavam lá, feito parente "de longe", que a gente até tem consideração, mas não faz parte do dia-a-dia. Meio assim.

E fui voltando, sem perceber muito o porque também. Como agora. 

Pela primeira vez na vida, tenho vontade de fazer uma prece. Agradecer ao Cosmos, o ao que quer seja e que nome tenha, pelo momento que estou vivendo. Momento, aliás, que não tem nada demais, materialmente falando - não ganhei na Megassena, não vou me casar, não comprei uma casa. Mas tenho experimentado, como há muito não sentia, um sentimento de tranquilidade comigo mesma. Serenidade interna, apesar da roda viva que é o mundo aqui fora.

Eu não sei, de verdade, a quem me dirijo - se está dentro ou fora de mim. Mas pela primeira vez na vida, aquelas frases aprendidas e recitadas desde criança, tem sido ditas por mim com vontade, e, o que é melhor, me fazem sentir bem.

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