Eu não sei se acredito em amor eterno, ou alma gêmea. Em pessoas que nasceram uma para a outra, e que o destino as coloca frente a frente, em algum momento da vida.
Talvez isto seja verdade para algumas pessoas. Talvez venha a se tornar verdade para mim, em algum momento.
Eu acredito em amores possíveis. Em encontros especiais, pessoas incríveis, momentos únicos. Marcas, dobras, fissuras, ranhuras: o amor se fixa assim, no corpo, na alma, no coração da gente.
Por vezes, me pego com saudades de um amor vivido. Nem sempre a saudade é da pessoa. Parece estranho, mas é exatamente isso: a saudade é daquela pessoa, naquele momento, com o que eu era neste conjunto. Não adianta reencontrá-la. Vai ser outra história - que pode ser tão especial quanto, mas será outra.
Chega a ser engraçado, porque alguns destes amores eu reencontrei muito tempo depois - e me pareceram pessoas estranhas. Como pode, tanta intimidade se transformar em indiferença? Mistérios da vida humana.
Outros amores passaram a ser amor brando, quentinho, e ocupam lugar cativo dentro de mim; são mais do que marca. Amores despudorados, sinceros e intensos, que se transformam em carinho. Admiração, amizade, vontade de intimidade.
Ainda tenho em mim amores que são sensações de desejo, que não foram esgotadas. Não é saudade, é outra coisa. É amor com vontade, com respiração, com curiosidade. Não sei qual o nome disso. Sei que estes amores me impulsionam para a vida, para vivê-los, ou me permitir buscar novos encontros.