domingo, 31 de julho de 2011

melancolia

Eu estou melancólica.

Irritada, mal humorada, esquisita. Estranha. Sem vontade de me encontrar com o mundo.

Tem uma tristeza, uma saudade, e um vaziozinho que me incomodam. Desejo de concha, de cantinho, de silêncio.

Melancolia.

saudosa saudade

Há períodos em que eu me estranho, me desconheço completamente. Fico assim por dias, semanas... é como se eu não fosse eu, se eu não estivesse aqui. Vontade de ficar quieta, em casa, sem ouvir música ou voz alguma, quieta. Quieta. As vozes dentro de mim não se calam quando eu peço.

Venho me sentindo assim há várias semanas, e os últimos dias foram mais difíceis. É que, somado à estranheza sazonal, uma mistura de outros sentimentos, intensos, se apoderaram de mim.

Minha avó dizia que "para morrer basta estar vivo". Esta verdade, talvez a maior da existência, a gente ainda não aprendeu a administrar numa boa. Cada vez que alguém se despede desta vida aqui, desta existência, algo em nós se desarranja, se desestrutura. Mesmo sabendo que é tão inevitável quanto tomar água, comer...

Estou saudosa de mim, no meu estado solar. Não gosto da melancolia, não sei conviver com ela.

Estou saudosa do meu avô, das suas traquitanas, das quinquilharias. Das longas conversas sobre suas ferramentas, da razão de ser de cada uma delas. Da chavezinha que ficava escondida, para ninguém bulir em suas coisas sem a sua permissão.

Estou saudosa dos meus 18 anos, e de uma festa, ingênua como aquele tempo, com bexigas coloridas e kits maioridade, promovida pelas pessoas que viveram intensamente esta época comigo. Saudosa do que fomos, daquilo que sonhamos, que vivemos, e que já não temos mais. Dos sentimentos que trazem lembranças doces, quentinhas.

Saudades que sentimos, que ficam em algum lugar dentro da gente, às vezes mais vivas, às vezes esmaecidas.

Escrito em uma noite de julho de 2011, em meio à insônia, e às tristezas decorrentes da falta de tempo para nos despedirmos de quem vai embora sem avisar...