segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

E eu encarei todos os meus senões,
vírgulas e reticências,
todos os temores.

E caminhei rumo ao precipício
e me joguei
mesmo sabendo que poderia não haver nada
nada nem ninguém para me segurar lá embaixo.

A vertigem da queda
a delícia do deslocamento
rápido, intenso, confuso
o vento, o tremor do corpo,
o enjôo da vertigem.

A viagem, breve, fugaz
efêmera
e deliciosa.

Agora a lembrança,
a sensação que meu corpo rememora
o tremor, a falta de ar

e a vontade de me jogar de novo.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Melancolia tem sido uma palavra muito presente em meu vocabulário, em meus pensamentos, em minha auto-percepção.

Fase, momento, necessidade? Não sei. Só sei que tenho uma vontade imensa de ficar sozinha, quieta, ausente. Parece que tudo faz barulho demais, um barulho à toa, um desperdício de energia.

A vida lá fora me dá uma preguiiiiiça...

Sinto-me às vezes como uma para-raios, uma antena parabólica desregulada, que capta tudo o que não é da sua conta. Sinto um cansaço e uma tristeza que parecem não ser meus, mas me afetam.

O mundo às vezes cansa.

E sei que, daqui há pouco, sem mais nem menos, este sentimento vai embora, eu fico radiante sem ter porquê, e ninguém sequer percebe.

Lua minguante, conjunção astral, hormônios, sei lá. Saudade, carência, desejo de colo, talvez. Só sei que o sentimento é esse.


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Peixes

Por que eu acho que sempre faço as coisas do jeito mais difícil?
E quando eu não faço, o caminho mais fácil era ter feito...
Ai, alma pisciana!

domingo, 15 de janeiro de 2012

Ser chuva

Necessidade de transbordar, conjugando o verbo em todas as pessoas e seus tempos.
Eu transbordo, tu transbordas, ele transborda.
No presente, no pretérito perfeito, no gerúndio, no particípio.
Transbordando, sou eu.
No futuro, quem sabe? Transbordarei.
Esparramando, espalhada, repleta, para todos os lados.
Chovendo, pingando, respingando em quem se permitir.
Tempestade numa tarde quente de verão.
Roupa e cabelos molhados, colados no corpo, no rosto, nas costas.
Transbordada.
De mim mesma, que chovo, contrariando a gramática.
Chover é verbo impessoal.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Uma conversa despretensiosa me deixou perturbada.
O pensamento vai e volta, encontra situações, busca explicações.
A razão tenta me convencer que nada disso faz sentido, e, mais ainda, não é da minha conta, não me diz respeito.
Mas fico triste. Muito.
Volto às minhas indagações do porque das pessoas fazerem parte da vida da gente. O acaso existe? Ou as linhas já estão traçadas antes de sabermos escrever?
E, se algum dia você teve alguém sob os seus cuidados, basta ir embora?
A distância é tanta, a mágoa foi tamanha, que nem sei se tenho o direito de me preocupar - se é da minha conta. Um sentimento de impotência tão estranho.
Tristeza. Muita.
Minha cabeça vai rodar muito ainda até me deixar dormir esta noite.

Decepção, impotência

Alguém que um dia fez parte tão intensamente da nossa história, nunca vai deixar de fazê-lo. Entristece-me muito saber que alguém que amei e com quem dividi meus sonhos, deixou de sonhar. Está se auto-destruindo, auto-flagelando, matando-se dia após dia.

Será o passado que o atormenta?

Será a dor que nunca teve coragem de encarar?

Até quando ele vai fugir de si mesmo?

Por quanto tempo ainda vai se enganar?

A vida nos deu de presente uma chance de ouro - doída, de uma dor infinita - para mudar a maneira de olhá-la. Porque insistir na miopia, por quê?

Sinto em mim um vazio, um misto de decepção, tristeza, impotência. Se tanto dele ficou em mim - sua perspicácia, sua inteligência, sua doçura - será que nada de mim ficou nele?

Queria que o meu desejo de vida, de superação, de amor por mim mesma, fosse aquilo que ficou na composição do mosaico. Mas, pelo visto, tudo foi renegado.