domingo, 8 de agosto de 2010

Olhares

Tenho reparado que as pessoas não se olham nesta cidade. Todo mundo anda pelas ruas sem trocar olhares, sem ver. Andando pelo centro da cidade, perto do Mercadão, recebi várias retribuições com olhares agradecidos – e surpresos – porque dava passagem na calçada para quem estava com bagagem, ou para pessoas mais velhas. Uma senhora chegou a voltar para me agradecer – ela vinha empurrando um carrinho com recicláveis, e eu desci da calçada para que ela passasse.

Percebo que ao olhar, sustentar o olhar com as pessoas que encontro pelo meu caminho, ganho sorrisos – a maior parte deles espontânea. Algumas pessoas ficam constrangidas – desaprenderam a compartilhar. Um olhar incomoda, a gente se acostuma tanto a viver fechado, que quando alguém nos encara, é como se nos abrisse à força.

Gosto de encontrar olhares. É meu mais novo jardim a ser cultivado.

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