quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Descobrindo a cidade #2

Eu tenho a pretensão de conhecer esta cidade. Sou muito pretensiosa, admito. Mas se não o for, estou condenada a me esconder nos caminhos fáceis ao redor das estações de metrô, ao óbvio, e àquilo que todo mundo vê. É pouco, certo?

Ontem, dia de folga, jornada ao centro da cidade. Tomei um ônibus aqui perto de casa e rumei para a Avenida São João - já aprendi a descer próximo à estação Marechal, sem ficar com aquela cara de pessoa perdida dentro do ônibus, que atrai olhares piedosos dos outros passageiros... ;-) Missão: percorrer as lojas de móveis usados, em busca de um cabideiro, uma açucareiro de louça, e descobrir coisas legais para o meu apê. Perda de tempo. As lojas são caríssimas, todas com pinta de "antiquário" - impossível gastar pouco nelas. Só encontrei o cabideiro em uma delas, por um preço razoável - um pouco acima do que eu queria pagar ainda, mas em bom estado. Cadeiras, cômodas, poltronas - esquece! Tudo virou artigo de luxo das revistas de decoração descoladas... Uma senhora queria me vender um açucareiro detonadinho por R$40,00, vê se pode!!!

Mas o que mais me impressionou na verdade foi a paisagem do Minhocão. Agradeço mais uma vez aos anjos que me mostraram este apartamento, porque eu não ia dar conta de morar naquela região. Gente, é pesado demais. Onze horas da manhã, e as calçadas lotadas de moradores de rua. Frio, garoa, e pessoas nas condições mais tristes e indignas possíveis. Andando pelas calçadas laterais, é impossível não ficar indignado, sentir-se oprimido, envergonhado, com aquela situação. E eu, que me considero uma pessoa razoavelmente tranquila, tive medo. Em cada esquina para atravessar, eu ficava insegura, sem saber se devia ficar parada aguardando o semáforo abrir, se devia me jogar no trânsito - como a maioria dos pedestres acelerados fazem - se mudava de calçada, se passava pelo canteiro central do Elevado. Uma droga. O ar é pesado, tudo que eu conseguia pensar era que queria sair dali, que precisava ver mais luz, e que ia precisar de incenso e banho de sal grosso quando chegasse em casa. Triste, muito triste.

Subi a São João toda, até cruzar com a Ipiranga. Meu roteiro inicial eral São João, Sé (rua do Carmo - Casa das Essências), Twenty-five e estação Júlio Prestes, para ver a exposição e tomar o trem para casa. Chegando lá em cima, resolvi desistir da Sé, e me encaminhei para a Meca das compras dos pobres de recursos mas não de espírito. Passei pela Santa Efigênia pra comprar um pendrive baratinho e muambado, e me joguei na 25. Incrivelmente, estava tranquila. Andei por muitas lojas, encontrei boa parte das coisas que precisava, um açucareiro de cerâmica branca basiquinho por honestos R$9,00 (hello dona antiquária!!!). Não comprei os tecidos para as almofadas, porque não achei loja de retalhos - pedaços de tecido mesmo, ainda quero uma indicação, please! E também não comprei panelas - este assunto está ficando MUITO complexo!!! Juro que não sei o que comprar neste capítulo...

Fui até o Mercado Municipal, na esperança de encontrar ervas para banho - mas lá não tem. Assim como o Mercado da Lapa, que visitei na semana passada - só se encontra comida, para comer lá ou fazer, e cara, muito cara. Andei pela Rua Cantareira, mas não encontrei a Rua do Gasômetro, que um vendedor da São João me indicou para procurar banquinhos, cabideiros e etc. (acabei de descobrir que é um pouco longe pra ir caminhando... santo google maps!).

Resolvi subir a pé de volta para a parte do centro que conheço - República, Arouche - e, adivinha?!? Me perdi, lógico! Comecei a andar por ruas que conhecia por nome, mas, de verdade, não sabia onde estava. Frio, frio, frio! Esta cidade cinzenta, as pessoas apressadas, e eu sem a menor idéia de onde estava, pra que lado ir. Fui caminhando meio sem rumo, passei pelo Pátio do Colégio (nota: eu sabia que estava no centro, mas não encontrava uma referência conhecida para me localizar no espaço, entende?), pelo Largo São Francisco... fui andando, até que avistei as janelinhas do Shopping Light. Eureca! Me dei conta que nunca havia atravessado o Viaduto do Chá, e por isso estava perdida. Mais um link no meu mapa mental da cidade.

Bom, chegando ali, estou em casa. Sei onde tomar ônibus pra Lapa que passa pela Guaicurus, onde tomar café quentinho com VR, onde comprar incenso - e encontrei as benditas ervas que estava procurando há duas semanas. Cheguei aqui, tomei banho, descarreguei, e fui me encontrar com o Carlinhos.

Nova expedição: chegar à Rua Rui Barbosa à noite, na UESP (União das Escolas de Samba de SP). Ok, parece fácil - quando se conhece o lugar de dia. À noite, com garoa, e sendo astigmática - tudo fica terrivelmente assustador. Mas eu cheguei direitinho, encontrei o Carlos - e as pessoas me olharam como se eu fosse namorada dele, hahaha, ganhei meu livro, e fomos jantar pelo Bexiga. Vim pra casa no último horário do metrô. Muita aventura pra um dia só.

PS: o livro do Carlos se chama Um Batuque Memorável no Samba Paulistano, e foi uma pesquisa financiada pelo Centro Cultural São Paulo. Ainda estou lendo, e estou me deliciando. Tem tudo no site, vale a pena conhecer.

Hora de dormir, que a cidade não para! Fui!

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