quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Pra uma amiga muito, muito querida

Querida, querida, querida,

eu queria poder, de alguma maneira, fazer sua a minha dor. Mas sei que isso não é possível. Cada um de nós sabe o tamanho e o espaço que ela ocupa dentro da gente.

Mas posso ser solidária, e dizer que estou aqui, sempre, em tempo integral. Sempre estive, apesar da distância, dos silêncios, dos desencontros da vida.

Posso lhe dizer que essas dores imensas não se curam, não passam, como costumam nos dizer para nos acalmar. Mas posso lhe assegurar que ficam mais tênues. Transformam-se em saudade. Uma saudade que às vezes aperta o coração, mas que é suportável. Vai ficando suportável, com o passar do tempo.

Sei que você deve estar achando o mundo sem horizontes, a vida sem gosto, o coração sem desejos. Só o tempo, querida, só o tempo muda isso.

Mas tenho que lhe dizer que um dia, tudo isso passa. Quando a gente menos espera, o sol volta a brilhar, o coração volta a seus quereres, o mundo fica saboroso. Primeiro aos pouquinhos, depois intensamente. Haverá dias em que a gente pensa voltar lá pro começo da história, mas retorna pro presente, depois de alguns dias.

Permita-se. Ficar triste, ter raiva, desafiar o mundo, brigar com Deus. Até Ele entende, e perdoa. Trancar-se em casa, não atender ao telefone, não falar com ninguém. Tá tudo certo. Felicidade fingida, pra agradar aos outros, não existe. Quando cicatrizar, as coisas vão voltando para o lugar, aos poucos.

Eu fiquei anos sem rezar. Até que um dia, tive vontade. Simples assim.

Minha linda, minha querida: sonhei que brigávamos, por alguma bobagem, como sempre, por teimosia de ambas, só pra variar. Mas, nesta briga, éramos as mesmas meninas de dez anos atrás, que se entendiam apenas com uma troca de olhares, e confidenciavam as tristezas e alegrias sem sequer uma palavra. Que compartilharam medos e descobertas, numa época encantada. Sei que a dor que você sente hoje tem raízes nesta época, e por isso me sinto no direito de compartilhá-la contigo.

Um novo ano se inicia, minha querida. Que ele venha, com tudo o que merecemos.

2 comentários:

  1. Anônimo1/16/2012

    Ai Fe... Sempre doi ne... como me disseram... a dor vem em ondas... as vezes gigantes... mas passa e depois volta... Deu uma saudade daqueles abracos de meninas...
    Te amo viu?!!!

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    1. Sinta-se abraçada, meu amor. Tem um colo aqui pra você, viu?

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