quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Obrigada, 2011.

Foi, mais uma vez, um ano intenso. Como sempre, aconteceram muitas coisas, boas e ruins, e, graças ao bom Deus, o saldo é positivo.

Um ano para me encontrar com esta cidade, e me reconhecer nela. "Na dura poesia concreta de suas esquinas", no silêncio das maldades diárias, na beleza da gente que lota as ruas ricas e pobres, na fartura de cultura, na escassez de moradias. Reconheço-me, em todas estas variáveis.

Um ano em que muita gente foi embora, às vezes sem tempo de despedida. Tempos de saudades novas e saudade antiga, que doeu de um jeito que há muito não doía. De despedidas que se prolongaram ao longo dos meses, de forma dolorida, mas também tranquila.

Ano de conhecimentos e reencontros também. Com extrema alegria, abençoados por dona Iemanjá no dia 2 de fevereiro. Com tristeza sem tamanho, onde nem o perfume das flores poderiam aliviar o pesar. No acaso, no metrô ou numa esquina, ou ainda num comentário das redes sociais.

Ano de planos desfeitos, adiados para o outro ano que se inicia. De caminhos refeitos, para voltar ao ponto de partida, antigamente equivocado. De conquistas, algumas partilhadas, outras de foro tão íntimo, mas tão intensamente festejadas!

Um ano em que vivi o amor, livremente, em nome de mim mesma. Busquei a verdade, a intensidade, o sagrado entre dois corpos, dois espíritos, dois seres. Algumas vezes encontrei, noutras me decepcionei. Vivi, com a minha verdade. Encontrei o prazer, o carinho, a cumplicidade. A beleza e a alegria.

Ano de encerrar ciclos, alguns que erravam há tempos aguardando o seu fechamento, outros mais recentes, mas igualmente encerrados. Ano para perdoar, a mim e a quem aguardava pelo meu perdão - que o orgulho não me permitia fazê-lo, em ambos os casos.

Ano de estrada, de viagem, de descobrir e reaver caminhos. Eu segui por alguns deles, e outros vieram até mim, trazendo bagagens que eu já havia carregado - e tinha me esquecido.

Um ano em que algo dentro de mim mudou, e me faz sentir, de alguma maneira, mais velha - ainda que a moça do caixa peça meu documento para autorizar a venda de bebida alcoólica, e um moço gentil tenha me dito que aparento apenas 20 anos (sem os óculos de cdf). Em que percebi meus pais mais velhos, meus compadres mais velhos, e as crianças crescidas demais. Ano do retorno de Saturno.

Um ano em que o imponderável se fez presente, e eu tive de aprender a lidar com ele. Em que o ritmo alucinante da cidade quase me engoliu, mas eu resisti - eu acho.

Obrigada, 2011.



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